quinta-feira, 19 de maio de 2011

Autarquias

Vereadores do PSD da autarquia de Abrantes apelam à suspensão do concurso para a construção do “Museu Ibérico de Arqueologia e Arte”
A vereação social-democrata de Abrantes apelou hoje à “suspensão imediata” do concurso para a construção do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA), “atendendo à gravidade da situação financeira e económica” nacional, mas a câmara rejeita a ideia.
Com um investimento estimado de 13 milhões de euros, o MIAA vai acolher o espólio arqueológico da Fundação Ernesto Estrada, uma colecção de peças arqueológicas referentes ao período anterior à fundação da nacionalidade e relacionadas com a Lusitânia, tendo sido recolhidas pelo abrantino João Estrada (presidente da Fundação) ao longo de meio século.
O futuro museu, com projecto da autoria do arquitecto Carrilho da Graça, teve origem num protocolo estabelecido entre a Câmara de Abrantes e a Fundação e vai abarcar colecções de ourivesaria, numismática, arquitectura romana, medieval e moderna, arte sacra dos séculos XVI a XVIII, relógios de várias épocas e uma exposição de arqueologia e história local.
Santana Maia Leonardo, vereador do PSD na Câmara de Abrantes, afirmou à Lusa não ser “prudente” avançar para a construção do museu ibérico, “tendo em conta a gravidade da situação financeira nacional, sem antes se fazer um estudo sério e credível sobre a sua sustentabilidade económica”.
O autarca acrescentou que a construção do equipamento não levanta apenas questões ao nível do investimento, da localização ou da estética.
Defendendo que a câmara “não pode lançar o município e o país na aventura da construção de um museu com esta dimensão e estes custos” para o erário público, o responsável afirmou que a colecção “não está imune a uma polémica que se prende com a origem de algumas peças e com a autenticidade de outras e sobre as quais se levantam demasiadas suspeitas”.
Por sua vez, a presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque (PS), afirmou à agência Lusa que a construção do MIAA é “irreversível”, considerando-o “determinante para a reanimação” do centro histórico da cidade enquanto “gerador de mais valias” ao nível dos fluxos turísticos, científicos e pedagógicos.
Relativamente à autenticidade das peças que integram as colecções, a autarca assegurou ter tem uma equipa “altamente conceituada” a trabalhar no projecto e disse que vários especialistas estudam o respectivo acervo, cujos primeiros resultados foram já apresentados publicamente.
 “Distinguir o trigo do joio é também o nosso objectivo e, por isso, além de reconhecer a excepcionalidade da colecção, admitimos que possam existir algumas peças falsas, há em todas as colecções, mesmo nos grandes museus do mundo”, vincou, tendo referido que “uma colecção com algumas peças falsas não é uma colecção de peças falsas”.
Maria do Céu Albuquerque disse ainda que o executivo que lidera “está a criar todas as condições para a sua execução [do museu]”, inicialmente através de candidatura a fundos comunitários no âmbito de programas de regeneração urbana, admitindo estar a “repensar” os prazos da construção do equipamento.
*Lusa
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