sábado, 7 de maio de 2011

História

“Memórias da História” está a decorrer este fim-de-semana em Torres Novas
Feirantes, bruxos, alquimistas, nobres, viajantes, aventureiros, meretrizes, vilões, camelos e até um rebanho passeiam estes dias pelo centro histórico de Torres Novas, desde a praça 5 de Outubro até ao castelo, no frenesim de uma vila medieval que se prepara para receber as cortes.
Falecido el Rei D. Duarte, corria o ano de 1438, o príncipe herdeiro, com apenas seis anos, foi recebido, com pompa, na vila de Torres Novas, que acolheu as cortes destinadas a decidir a quem era confiado o reino durante a menoridade de D. Afonso V.
É essa chegada do “rei menor” que Torres Novas recria este fim-de-semana, na segunda edição da “Memórias da História”, um projecto financiado em 85 por cento por fundos comunitários, no âmbito da candidatura para regeneração do centro histórico da cidade.
Beneficiando de um cenário natural marcado por um “castelo fantástico”, recuperado e por estes dias engalanado, por uma praça, pelo rio e por um conjunto de ruelas, a recriação levada a cabo pela autarquia procura pautar-se pelo rigor histórico, o que tem implicado verdadeiras acções pedagógicas junto da população, que se envolve activamente.
“São quatro dias de vivência muito próxima do rigor que foi a vivência na Idade Média”, disse à agência Lusa o presidente da câmara municipal de Torres Novas, António Rodrigues.
Esse rigor é garantido pelo trabalho pedagógico feito junto da comunidade, com entrega de kits, contendo informação relativa à época e indicações precisas sobre materiais e roupas, a comerciantes e habitantes do centro histórico, às escolas e associações.
O baile medieval que vai animar a praça 05 de Outubro hoje à noite conta com o entusiasmo de muitos torrejanos que, ao longo do último mês, se esforçaram por aprender os passos de dança adequados, sublinhou Isabel Reis, programadora do Teatro Virgínia.
Desde o final da tarde de quinta-feira que se instalou no centro histórico da cidade o “arraial medieval” que aí permanece até ao final do dia de domingo, quando desfilar o Grande Cortejo de Despedida.
Além de 100 voluntários, a animação é garantida por numerosos grupos portugueses, franceses e espanhóis.
"Em todos os cantos, becos, praças, ruas, encontramos um bocado do que é a história de Torres Novas", disse Isabel Reis, realçando esta forma de "criar aprendizagens".
À entrada do “Postigo da Traição”, Patrícia Caeiro, dos Tent_Tart, lidera o grupo de meretrizes, proxenetas, amputados, larápios, assassinos que fazem do túnel que passa sob a muralha do castelo um lugar de “terror”, que conduz à taberna, que “é o espaço mais alegre e mais divertido” da feira.
Em 2010, na primeira edição das “Memórias da História”, a cidade recuou à época quinhentista, para assinalar os 500 anos do Foral Novo, atribuído por D. Manuel I, e a autarquia quer transformar este num evento identificador do município.
“Torres Novas tem história suficiente para que apostássemos nesta actividade”, disse António Rodrigues, sublinhando que em 2012, já sem apoios comunitários, a iniciativa terá que se tornar auto sustentável, passando a cobrar não só aos comerciantes, mas também aos visitantes.
*Lusa
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