sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sociedade

Carvalho da Silva encontrou-se em Tomar com trabalhadores da IFM/Platex
O líder da CGTP disse hoje, perante trabalhadores da IFM/Platex, de Tomar, que “os povos vão ter que se voltar contra” o processo de “agiotagem” a que o país está submetido, considerando a luta dos povos árabes “um sinal”.
Carvalho da Silva falava num almoço para celebrar o sucesso da luta desencadeada pelos trabalhadores da IFM/Platex, que regressou à actividade no início deste mês depois de parar a laboração em Abril de 2009.
“Isto é um sinal e as coisas também têm de passar, em moldes certamente diferentes, para o lado de cá”, disse Carvalho da Silva, depois de referir o movimento de contestação em curso em vários países árabes, e sublinhando que o país não pode submeter-se ao “processo de agiotagem” que o leva a pagar juros superiores a 7 por cento.
Para o líder da central sindical, Portugal tem que ter Governos que “deixem de andar a fazer estes fretes ao capital e se voltem para as coisas concretas”, como a produção de bens e serviços “úteis”.
Como exemplo, apontou a luta desenvolvida pelos quase 200 trabalhadores da IFM/Platex, que, desde a paragem da laboração, se desdobraram em acções e contactos, num esforço para que a empresa - a única a produzir este tipo de platex no país e com 60 por cento de exportação da sua produção - não encerrasse definitivamente.
O plano de recuperação apresentado pelo Grupo Investwood durante o processo de insolvência permitiu o regresso à actividade, assegurando 100 postos de trabalho.
Alguns dos ex e actuais trabalhadores reuniram-se hoje num almoço de confraternização, que contou com a presença de sindicalistas e ainda do deputado do PCP eleito pelo distrito de Santarém, António Filipe, que saudou a sua “grande coragem e determinação”. “São um grande exemplo para todos os trabalhadores do país. A prova de que lutando é possível vencer”, disse.
Carvalho da Silva frisou que os trabalhadores devem levantar-se contra a retirada de direitos em nome da crise e afirmou que “o roubo está instituído”.
Por outro lado, considerou uma “vigarice” a nova organização económica da União Europeia, que, no seu entender, tem apenas por objectivos “mexer no mercado de trabalho, para liberalizar e desregulamentar, e estoirar com os sistemas de Segurança Social” construídos na Europa.
Para Carvalho da Silva, só a luta organizada, nomeadamente através dos sindicatos, pode travar o retrocesso que está em curso, pelo que deixou um apelo à participação na jornada de luta que a CGTP está a organizar para 19 de Março em Lisboa.
“Dia 19 é possível fazer uma grande manifestação, uma grande expressão de indignação e protesto”, disse, sublinhando que é preciso “mobilizar, criar esperança na sociedade”.
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