sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sociedade

Padre de Abrantes entrega-se ao bem comum com acção social
O cónego José da Graça, responsável pelas paróquias de Abrantes, onde chegou há 25 anos, está a revelar-se um caso emblemático de entrega ao bem comum, com a acção social a ter lugar de prioridade na sua agenda.
São já cerca de duas dezenas as obras sociais - servindo os mais pobres, os abandonados, os doentes e os excluídos - que este sacerdote de 68 anos, natural do concelho de Niza, tem a seu cargo.
Entre estas, destacam-se o “Projecto Homem” e uma comunidade terapêutica de recuperação de toxicodependentes, apartamentos de reinserção social, um centro de acolhimento para crianças e jovens em situação de risco, Banco de Medicamentos, Loja Solidária, Posto de Cuidados de Enfermagem a idosos e carenciados do concelho, creches, jardins-de-infância e um serviço de apoio domiciliário a 90 idosos de Abrantes.
Em mente, José da Graça tem a criação de uma cozinha social, de modo a que os mais carenciados e os sem abrigo da cidade possam ter, "ao menos”, uma refeição quente por dia.
“É um passo que temos forçosamente de dar”, vincou, a par de outros projectos que disse estarem bem encaminhados, como a construção de um lar de idosos ou uma nova igreja em Abrantes, na zona da Encosta da Barata.
Em declarações à agência Lusa, o sacerdote disse que as obras sociais “nascem a partir das necessidades das pessoas”, sublinhando que vê no trabalho social “o caminho” para cumprir a sua missão “ao serviço dos homens e da igreja”.
Segundo o cónego, “o trabalho desenvolvido ao serviço do próximo só é possível se feito por opção, com gosto e muita doação”, tendo observado não ter férias ou dias de folga “há anos, por renúncia voluntária”.
José da Graça observou que “o grito dos mais pobres é um espinho na consciência dos crentes”, pelo que defende o “complemento” do serviço pastoral e de culto com o serviço social ao homem.
“Era muito mais fácil não ter obras sociais nem nos interessarmos pelos problemas dos outros”, disse, acrescentando ser “verdadeiramente fácil” ser padre se se estiver apenas voltado para a celebração da eucaristia, para os baptizados, casamentos, pregações e formações.
Tudo isso “faz falta e é missão do padre, mas a sua missão tem de ter também a dimensão de serviço à pessoa, e em todas as suas dimensões”, advogou.
“As igrejas não podem ser espaços fechados, em que louvamos a Deus, cantamos e rezamos e em que nos sentimos bem. Temos de ir ali buscar força para depois levar esta mensagem aos outros, que não pode ser apenas de pregação mas de atitude de vida”, reforçou.
Perante o contexto actual, de crise, não perde a oportunidade de lançar um apelo para uma “mudança de mentalidades” na Igreja, que, segundo o padre Graça, deve ter novas atitudes de vida e de compromisso social.
“É esta atitude e este compromisso social que me parece faltar muito à nossa igreja e às nossas comunidades”, alertou este padre ordenado há 43 anos.
*Lusa
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