sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Saúde

Utentes de saúde do Granho e Muge oferecem caixão ao ACES Lezíria II
Utentes das extensões de saúde do Granho e de Muge, no concelho de Salvaterra de Magos, foram hoje à sede do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Lezíria II, em Almeirim, oferecer um caixão e procurar sensibilizar para a reabertura daqueles serviços.
Teresa Faria, porta-voz destes utentes, disse à agência Lusa que saiu “indignadíssima” do encontro mantido com a coordenadora do ACES Lezíria II, Luísa Portugal, entendendo que existe “má-fé” na insistência de que não existem condições para a reabertura daquelas duas extensões de saúde, encerradas há mais de um ano.
Luísa Portugal disse à Lusa reconhecer que a situação atual não é a melhor para os utentes, mas assegurou que, dada a escassez de recursos humanos, sobretudo de médicos, a concentração das consultas na extensão de saúde de Glória do Ribatejo é a melhor solução face às circunstâncias.
A coordenadora do ACES Lezíria II adiantou que as três médicas sul-americanas que vieram substituir o médico que se aposentou e os dois clínicos que saíram para unidades de saúde familiar da região estão ainda a “entrar no sistema”, não havendo condições para estarem sozinhas fora da equipa que as acompanha em Glória do Ribatejo e que, disse, foi reforçada, contando com dois enfermeiros a tempo inteiro e dois administrativos.
Luísa Portugal referiu a dificuldade de cobertura do concelho de Salvaterra de Magos, onde 50 por cento dos cerca de 22.000 utentes não têm médico de família, uma situação com tendência a agravar, dada a perspetiva de mais uma aposentação até ao fim do ano, deixando mais 1.800 pessoas sem clínico.
“Se tivéssemos outro tipo de cobertura poderíamos fazer outras coisas”, disse, frisando que a opção tem sido concentrar os profissionais.
Luísa Portugal admitiu que há questões a afinar, como a marcação das consultas para os 1877 utentes do Granho e de Muge, localidades que distam 12 a 15 quilómetros de Glória do Ribatejo.
Teresa Faria disse à Lusa que, além das limitações colocadas pela inexistência de transportes, as populações queixam-se de não conseguir marcar consultas antecipadamente e de muitas vezes irem à extensão de Glória do Ribatejo e terem de voltar sem ser atendidos.
Afirmou ainda que a população não desiste da reivindicação de atendimento um dia por semana nas extensões de saúde – cujos custos de manutenção as freguesias se dispõem a assumir -, pelo que vai agora pedir uma audiência ao Ministério da Saúde, estando na disposição de se concentrar no próximo dia 30 frente à Assembleia da República para dar visibilidade à situação que vivem.
O caixão que hoje deixaram na sede do ACES simboliza a morte que não querem nas suas freguesias, disse.
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