terça-feira, 6 de setembro de 2011

Economia

Produtores de milho receiam que providência cautelar impeça utilização de secagem da Agromais
Os produtores de milho receiam que uma providência cautelar que os impede de utilizar a unidade de secagem da Agromais em Riachos, Torres Novas, quando decorre a colheita deste cereal, cause “graves prejuízos” num momento de grande dificuldade da economia.
Mário Antunes, da Agrotejo, União Agrícola do Norte do Vale do Tejo, disse hoje à agência Lusa que cada dia de impedimento de recorrer à maior unidade de secagem da Península Ibérica (com uma capacidade de recepção de 1.200 toneladas/dia) provoca “gravíssimos prejuízos”, colocando em risco “a sobrevivência de muitas famílias de agricultores”.
Segundo Mário Antunes, num ano que se prevê ser o da maior campanha de milho de sempre, o impedimento de utilização desta unidade deixa os produtores muito preocupados.
Em causa está um procedimento judicial interposto por um proprietário que confina com a unidade de secagem da Agromais, localizada na zona industrial de Riachos, que invoca “direitos de personalidade”, que têm a ver com questões de bem-estar e de saúde, devido às poeiras alegadamente emitidas, disse.
Esta diligência já ocorreu em anos anteriores, mas Mário Antunes sublinha que foi ultrapassada e não coincidiu com um momento como este.
“Cada dia que passa, o problema é maior”, restando aos agricultores “confiar” que o Tribunal tome “uma decisão coerente e rápida”, afirmou.
O dirigente da Agrotejo sublinha que esta é região do país com maior concentração de produção de milho a nível nacional, pelo que as outras unidades de secagem existentes não são suficientes para dar resposta.
Informou que, quando colhido, o milho apresenta níveis de humidade superiores aos exigidos para conservação, pelo que tem que passar por um processo de secagem.
Mário Antunes afirmou que a Agromais, que está certificada em termos de qualidade, tem feito “investimentos substanciais” para evitar problemas de poluição numa estrutura construída há cerca de duas décadas.
Em comunicado, a direcção da Agrotejo considera “inadmissível que, face à gravíssima situação económica e financeira do país e perante um esforço colectivo de promoção da produção agrícola nacional, se ponha em causa o funcionamento do principal entreposto de recepção de milho em Portugal, colocando em risco a sobrevivência de muitas famílias de agricultores”.
A associação lamenta “o recurso sistemático à litigância como forma de resolver interesses particulares” que põem em causa “tão importante pilar da economia regional e nacional”.
De acordo com o comunicado, a Agrotejo deu conhecimento da sua posição à ministra da Agricultura, à comissão parlamentar de Agricultura e aos autarcas da região.
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