Produtores de milho receiam que providência cautelar impeça utilização de secagem da Agromais
Os produtores de milho receiam que uma providência cautelar que os impede de utilizar a unidade de secagem da Agromais em Riachos, Torres Novas, quando decorre a colheita deste cereal, cause “graves prejuízos” num momento de grande dificuldade da economia.
Mário Antunes, da Agrotejo, União Agrícola do Norte do Vale do Tejo, disse hoje à agência Lusa que cada dia de impedimento de recorrer à maior unidade de secagem da Península Ibérica (com uma capacidade de recepção de 1.200 toneladas/dia) provoca “gravíssimos prejuízos”, colocando em risco “a sobrevivência de muitas famílias de agricultores”.
Segundo Mário Antunes, num ano que se prevê ser o da maior campanha de milho de sempre, o impedimento de utilização desta unidade deixa os produtores muito preocupados.
Em causa está um procedimento judicial interposto por um proprietário que confina com a unidade de secagem da Agromais, localizada na zona industrial de Riachos, que invoca “direitos de personalidade”, que têm a ver com questões de bem-estar e de saúde, devido às poeiras alegadamente emitidas, disse.
Esta diligência já ocorreu em anos anteriores, mas Mário Antunes sublinha que foi ultrapassada e não coincidiu com um momento como este.
“Cada dia que passa, o problema é maior”, restando aos agricultores “confiar” que o Tribunal tome “uma decisão coerente e rápida”, afirmou.
O dirigente da Agrotejo sublinha que esta é região do país com maior concentração de produção de milho a nível nacional, pelo que as outras unidades de secagem existentes não são suficientes para dar resposta.
Informou que, quando colhido, o milho apresenta níveis de humidade superiores aos exigidos para conservação, pelo que tem que passar por um processo de secagem.
Mário Antunes afirmou que a Agromais, que está certificada em termos de qualidade, tem feito “investimentos substanciais” para evitar problemas de poluição numa estrutura construída há cerca de duas décadas.
Em comunicado, a direcção da Agrotejo considera “inadmissível que, face à gravíssima situação económica e financeira do país e perante um esforço colectivo de promoção da produção agrícola nacional, se ponha em causa o funcionamento do principal entreposto de recepção de milho em Portugal, colocando em risco a sobrevivência de muitas famílias de agricultores”.
A associação lamenta “o recurso sistemático à litigância como forma de resolver interesses particulares” que põem em causa “tão importante pilar da economia regional e nacional”.
De acordo com o comunicado, a Agrotejo deu conhecimento da sua posição à ministra da Agricultura, à comissão parlamentar de Agricultura e aos autarcas da região.
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