terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ambiente

Quercus alerta para depósito de resíduos perigosos junto ao Parque Natural das Serras Aire e Candeeiros, no concelho de Alcanena
A Associação Ambientalista Quercus afirma que resíduos industriais perigosos estão a ser depositados numa zona próxima de uma falha geológica em área de máxima infiltração no maciço calcário estremenho, junto do Parque Natural das Serras d’Aire e Candeeiros.
Em comunicado emitido, o Núcleo Regional do Ribatejo e Estremadura da Quercus cita que teve conhecimento de que uma empresa de transportes sediada em Covão do Coelho, freguesia de Minde, concelho de Alcanena, estava a proceder ao depósito ilegal dos resíduos, situação que também foi denunciada na passada sexta-feira na reportagem da TVI “Máfia Lusitana”.
Numa deslocação ao local, aquela associação “constatou que os resíduos foram enterrados e colocado saibro para os camuflar, sendo que a zona está próxima de uma falha geológica em área de máxima infiltração no Maciço Calcário Estremenho próximo da Serra de Aire, o que aumenta o risco de contaminação do aquífero e das nascentes e captações da região”, afirma no comunicado.
A nota refere ainda os dados avançados na reportagem da TVI, de que os resíduos provêm da fábrica de pasta de Celulose Beira Industrial (Celbi) e que são transportados pela empresa Poderinova, de Covão do Coelho, que os deposita junto à auto-estrada, entre Minde e Fátima.
“Segundo as análises efectuadas, existem diversos resíduos com compostos perigosos para a contaminação dos solos e da água, com potenciais efeitos nefastos para a saúde pública”, sublinha o comunicado.
Frisando que o abandono de resíduos industriais “é ilegal, sendo punido por lei”, a Quercus lembra que cabe ao Ministério do Ambiente, nomeadamente à Inspecção-Geral do Ambiente e Ordenamento do Território (IGAOT), agir “em conformidade com a gravidade da situação, obrigando à remoção dos resíduos e à descontaminação dos solos”.
“A Quercus considera escandalosa a incapacidade de actuação das entidades fiscalizadoras, nomeadamente da GNR e dos serviços do Ministério do Ambiente (IGAOT), dado terem permitido o transporte e a deposição ilegais de resíduos industriais, durante demasiado tempo, esperando que agora actuem em conformidade com a gravidade da situação”, acrescenta o comunicado.
A Quercus afirma ainda ter contactado a empresa Celbi, “detentora de diversas certificações ambientais”, para que esclareça da falta de controlo sobre o transporte e destino dos seus resíduos, bem como a Inspecção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território, que não prestou ainda qualquer esclarecimento.
A Quercus “exige que sejam identificados todos os produtores de resíduos para que sejam envolvidos na remoção” dos que foram abandonados e na respectiva descontaminação dos solos.
A agência Lusa contactou o Ministério do Ambiente para o efeito, ficando aquele ministério de responder ainda hoje às questões levantadas.
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