segunda-feira, 27 de junho de 2011

Saúde

Agrupamento de Centros de Saúde do Zêzere preocupado com reformas antecipadas e indefinição da continuidade de médicos contratados
Apesar do reforço de cinco médicos colombianos, as reformas antecipadas e a indefinição quanto à continuidade dos médicos contratados são motivos de preocupação para os responsáveis do Agrupamento de Centros de Saúde do Zêzere (ACES).
Com uma população de 170 mil pessoas que engloba oito municípios, o ACES do Zêzere apresenta nas extensões de Abrantes e Sardoal o maior défice de médicos de clínica geral, com cerca de 18 mil utentes privados de médicos de família, dos quais 10 mil vão ser assegurados por estes profissionais estrangeiros a partir de Julho.
Em declarações à agência Lusa, o director executivo do agrupamento, Fernando Siborro, afirmou continuar “muito preocupado” com a situação, tendo assegurado que, apesar deste reforço, quatro médicos vão ser colocados em Abrantes e um em Sardoal, continuam a existir “zonas completamente a descoberto” e que só são asseguradas, “parcialmente”, por 12 médicos contratados.
“A chegada destes cinco médicos vem minorar o problema mas não vem resolver nada”, afirmou, tendo observado que dois médicos no activo pediram a reforma antecipada e que existe “alguma incerteza sobre a continuidade dos médicos contratados”, em serviço parcial.
“Se nos retiram os médicos contratados e o actual número diminuir, esta região fica completamente nas lonas”, vincou Siborro, tendo acrescentado que vai aproveitar a ocasião para “reformular” o conceito das extensões de saúde do concelho de Abrantes, município que conta com 19 freguesias espalhadas por mais de 700 quilómetros quadrados.
“Com o número de médicos que vamos ter para trabalhar, muitos centros de saúde vão ter de mudar de estatuto e vão ficar sem acesso diário a médico de família”, avançou, numa lógica de redistribuição e maximização dos meios.
Com contratos válidos por três anos, aos cinco médicos colombianos vão ser entregues ficheiros com dois mil utentes, o que reduzirá para cerca de metade, de forma temporária, o número de pessoas sem cuidados médicos de proximidade em Abrantes e Sardoal.
A evolução pessoal e profissional e a oportunidade de conhecer um novo povo e uma nova cultura são os motivos invocados pelos cinco novos médicos para aceitarem exercer a actividade a milhares de quilómetros de casa.
“Como médicos que somos, podemos desempenhar um papel importante em qualquer parte do mundo, logo, se Portugal está necessitado de ajuda, nós estamos preparados para fazer algo bom por esta comunidade”, disse à agência Lusa Carlos Vallejo, 31 anos.
Uma opinião partilhada por Eli Espitia, 30 anos, que referiu as “dificuldades com o calão e regras gramaticais que mudam de região para região”, tendo assegurado, no entanto, “perceber bem” o idioma.
Natural de Bogotá, Andrés Avellaneda, 29 anos, destacou à Lusa duas razões, “de ordem pessoal e profissional” para aceder a exercer a profissão a milhares de quilómetros da terra natal.
“O povo português precisa de médicos, ao contrário da Colômbia, e esta é uma oportunidade para crescer profissionalmente e para conhecer um novo povo e uma nova cultura”, defendeu.
*Lusa
---------------------------------------------------------------------------------------------