sexta-feira, 3 de junho de 2011

Saúde

Responsável pela saúde pública da ACES do Zêzere alerta para riscos de consumo de água de fontanários
O responsável pela saúde pública do Agrupamento de Centros de Saúde do Zêzere alertou hoje para os riscos de consumir água de fontanários, recordando que a bactéria E.coli presente em alguns deles pode evoluir para uma nova estirpe, como aconteceu na Alemanha.
Em declarações à agência Lusa à margem da apresentação dos resultados de uma investigação que envolveu a qualidade da água de seis fontanários do concelho de Sardoal, o coordenador da Unidade de Saúde Pública (USP) daquele ACES, Rui Calado, defendeu o consumo da água da rede pela sua “excepcional qualidade” em detrimento do consumo “indesejável” das águas de fontanários, potenciais transmissoras de vírus, bactérias e micro organismos que representam um “perigo evidente” para a saúde pública.
O responsável do ACES do Zêzere, que abarca os municípios de Abrantes, Constância, Ferreira do Zêzere, Mação, Sardoal, Tomar e Vila Nova da Barquinha, afirmou à Lusa estar “preocupado” com um dos resultados do estudo hoje apresentado e que revela que os fontanários, para além de serem locais de fácil acessibilidade, continuam a ter a afluência de muitas pessoas.
 “Pode originar um grande problema”, vincou, tendo sublinhado que as águas da maioria dos fontanários, após a análise da água recolhida, apresentam bactérias coliformes que resultam da má eficiência das protecções sanitárias e da integridade das barreiras de protecção do sistema.
 “As bactérias presentes na água dos fontanários analisados resultam da contaminação fecal, de animais de sangue quente, e este tipo de contaminação causa geralmente diarreias agudas, bem como infecções de trato urinário e meningites”, alertou, lembrando que a bactéria E.coli, também presente em alguns daqueles fontanários, não é perigosa para o homem, mas pode perfeitamente mutar.
 “Se isso ocorrer, o que é impossível de prever, essa mutação pode originar uma nova estirpe que seja altamente patogénica, como está a acontecer com a estirpe que surgiu na Alemanha”, vincou, defendendo uma atitude preventiva por parte das populações.
 “Não é uma situação frequente, mas é uma situação possível e, como tal, devemos tentar antecipar essas situações também na medida do possível”, defendeu.
O projecto de ‘investigação/acção’ hoje apresentado envolveu alunos do 12º ano da escola de Sardoal num trabalho em parceria com o ACES do Zêzere e o centro de saúde local, tendo em consideração o elevado número de análises que identificam água imprópria para consumo humano nas amostras recolhidas nos fontanários não ligados à rede de abastecimento público e os anteriores “fracassos de intervenções corretoras da sua utilização” pelas populações.
Sob o lema ‘Eu, desta água não beberei’, a Unidade de Saúde Pública do ACES do Zêzere informou que vai partilhar o projecto com os demais serviços de educação da sua área geográfica, esperando que contribua de forma relevante para a minimização do problema.
*Lusa
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