terça-feira, 14 de junho de 2011

Cultura

Abrantes: Centro de investigação vai assegurar verificação da autenticidade de peças de arte
Um centro de investigação com recurso a datação química vai assegurar a verificação da autenticidade das cerca de cinco mil peças do futuro Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (MIAA), anunciou a coordenadora da instalação daquele equipamento.
Em declarações à agência Lusa, à margem da inauguração da III exposição de antevisão do futuro MIAA, Isilda Jana afirmou que a criação de um centro de investigação agregado ao equipamento cultural era algo que estava “pensado desde o início” de modo a “estudar o acervo, contextualizá-lo e aferir da autenticidade das peças cuja originalidade possa suscitar algumas dúvidas”.
Promovido pela Câmara Municipal de Abrantes e pela Fundação Estrada, o MIAA tem o propósito de apresentar as colecções de Arqueologia, de História e de Arte, desde a Pré-História até à Época Contemporânea, reunidas pelas duas instituições, e ainda duas colecções do escultor Charters de Almeida e da pintora Maria Lucília Moita.
Com um investimento estimado de 13 milhões de euros, o MIAA vai acolher colecções de ourivesaria, numismática, armaria, arquitectura romana, medieval e moderna, vasos gregos e arte sacra dos séculos XVI a XVIII, entre outras colecções, tendo sido já considerada por alguns especialistas como de “valor incalculável”.
Isilda Jana assegurou à Lusa que o estudo das mais de cinco mil peças que constituem o acervo está a ser feito “a tempo inteiro por especialistas” na matéria, um “trabalho sério” que justificou pela proveniência “muito diversa” dos milhares de obras de arte que compõem as colecções.
O historiador de arte e museólogo afecto ao MIAA, Fernando Batista Pereira, disse à Lusa que todas as obras expostas no âmbito das três antevisões do que vai ser o espólio do futuro museu foram “objecto de um estudo prévio que pode envolver análises de natureza química ou física para tirar quaisquer suspeitas ou dúvidas” relativamente à sua autenticidade.
“Tudo o mais que se possa dizer são boatos”, afirmou, tendo acrescentado “não existir argumentação científica alguma vez sido avançada que prove indiscutivelmente que este espólio contém peças suspeitas ou falsas”.
Segundo o museólogo, “todos os museus, em todas as partes do mundo, têm peças que são inquestionavelmente verdadeiras e peças sobre as quais existem dúvidas”, tendo observado que o MIAA, nesta matéria, “também não iria ser excepção”.
Fernando Pereira assegurou que as peças do espólio da Fundação Estrada, de valor “incalculável”, estão a ser alvo de “investigação de ponta com muitos arqueólogos e investigadores”, na medida em que as mesmas foram adquiridas no mercado da arte, seja em leilões ou através de coleccionadores, o que “levanta sempre o problema das proveniências não serem devidamente conhecidas”.
A III exposição de antevisão do futuro MIAA dá especial relevo aos materiais em bronze da colecção Estrada que documentam a evolução na representação da figura humana, a par de diversos adereços de vestuário, militar e civil.
A mostra vai estar patente ao público no Museu D. Lopo de Almeida, instalado no interior da Igreja de Santa Maria do Castelo, até ao próximo mês de Outubro.
*Lusa
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