Imagem:A.Anacleto - Imagens de Arquivo
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José Saramago “O Nobel do Povo”
Nasceu humildemente na Azinhaga, brincou nos salgueirais e choupais nas margens do Almonda, vendo este correr tranquilo no verão e bravo no inverno antes de “abraçar” o Tejo na planura da lezíria. Se calhar, aquela natureza influenciou a personalidade do “menino” Saramago. Também ele, era tranquilo e afectivo com os amigos, com as gentes simples da sua terra, com as coisas justas do mundo, mas “bravo”, com os "actos injustos acometidos aos fracos e indefesos que vão vivendo “assustados” nesta sociedade com espaços envoltos de injustiças, que o Nobel repudiava e combatia.
Ribatejano de gema, foi amado e odiado, foi operário de serralharia,funcionário público e comunista assumido. Já passava dos cinquenta anos, quando começou a viver da escrita para sobreviver. Conheceu a simpatia da Pilar quando ultrapassou a barreira sexagenária. Partiu ontem. Sem “nenhuma esperança”.
Está guardada no “baú da minha mente”, aquela postura forte do homem simples, sentado naquela também simples cadeira, nas instalações que foi fábrica na terra natal onde muitos operários laboravam, autografando alguma das suas obras que “mexeram o mundo” e as quais guardo no “recanto do meu refúgio”. Sinto aquele abraço que trocámos sob aquela árvore no jardim da terra que te viu nascer, enquanto as gentes do “rancho” bailavam e tu com a tua Pilar contemplavam a beleza das “modas” do nosso Ribatejo.
“Não morreste Saramago, apenas vais viajar para outro mundo, estarás sempre nas mentes daqueles que te compreenderam e respeitaram”. Um dia vamo-nos encontrar algures “nesse mundo para onde partiste” e sentados, nas margens de outro rio, vamos dialogar seriamente com as coisas sérias e belas que fizeste neste mundo…, “mundo que sabemos que está tão injusto e por vezes loucamente cruel”.
A.Anacleto
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