sexta-feira, 18 de junho de 2010

Cultura


Presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga diz que o funeral de José Saramago deveria ser realizado na terra natal
O presidente da Junta da Azinhaga, terra natal de José Saramago, disse hoje que o funeral do escritor deveria ser realizado na sua freguesia de nascença e que essa seria "a melhor homenagem que se lhe poderia fazer".
O sentimento generalizado na pequena aldeia ribatejana, com cerca de dois mil habitantes, é de "consternação e muita tristeza" pelo falecimento do "mais ilustre filho da terra", disse o presidente da junta, Vítor Guia.
Para o autarca, a terra preferiu sempre homenagear o trabalho do escritor em vida, nomeadamente com a atribuição do seu nome a uma das ruas "mais nobres" da aldeia, dez anos antes de ser Prémio Nobel, com a designação de Pilar del Rio - mulher de Saramago - a uma rua, em 2008, e a construção de uma estátua de homenagem ao "filho da terra", em 2009.
Fernando Melrinho, primo de José Saramago, de 66 anos, afirmou à agência Lusa sentir-se "chocado" ao saber da notícia da morte do escritor, com quem privou diversos momentos na infância.
O primo do autor de "Memorial do Convento" e "O Ano da morte de Ricardo Reis", entre muitas outras obras, recordou que Saramago era uma pessoa "muito querida" na Azinhaga, embora não fosse consensual a visão dos locais sobre o imaginário do autor, inclusive a nível político, e às referências à Igreja, patentes por exemplo em "Caim".
Otelinda Nunes, amiga de infância de Saramago, com 86 anos de idade, recordou à Lusa os passeios de barco que dava junto ao rio Tejo com o escritor, destacando ainda o "espírito de amizade" de Saramago para com "a terra de nascença e as suas gentes".
Otelinda evocou ainda a oferta de uma carrinha para a Misericórdia local, um conjunto de sofás para os idosos da aldeia e a requalificação da sede do PCP na Azinhaga.
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