sexta-feira, 22 de julho de 2011

Arqueologia

Fóssil descoberto em Mação representa achado único a nível mundial
O novo fóssil descoberto na quinta-feira em Mação foi hoje apresentado publicamente, tendo o paleontólogo Artur Vaz afirmado que a trilobite panderiae encontrada representa um achado único a nível mundial.
A nova espécie de trilobites, classificada de “gigantesca” tendo em conta que mede cinco vezes o tamanho das trilubites panderiae até hoje conhecidas, foi encontrada na quinta-feira em Chão de Lopes, no Mação profundo, uma descoberta científica de relevância internacional com cerca de 445 milhões de anos.
“Esta é uma nova espécie, um novo fóssil, de forma inequívoca”, afirmou à agência Lusa o professor do Departamento de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), tendo observado que o momento, inserido num programa do Ciência Viva que envolveu nove estudantes do ensino secundário, representou o “concretizar de um sonho” de qualquer paleontólogo.
“Encontrar coisas novas, sejam novas espécies ou novos grupos animais, é um sonho que nos acompanha”, observou, assegurando que a descoberta “fantástica” deste novo fóssil vai permitir compreender melhor a evolução da Terra, nomeadamente o estudo da grande glaciação ocorrida há 445 milhões de anos e que foi responsável pelo desaparecimento de mais de 90 por cento das espécies então existentes.
“Mação é um local especial para a geologia devido à riqueza fossilífera das rochas do concelho”, vincou, tendo observado que ali “pontificam restos e marcas de seres vivos como trilobites, braquiópodes, bivalves e equinodermes, entre outros", com cerca de 450 milhões de anos.
“São únicos no país e a qualidade e diversidade dos fósseis de Mação são reconhecidas internacionalmente”, sublinhou Artur Vaz, tendo acrescentado que o concelho é um “local de referência”, não só pelas gravuras rupestres ali encontradas como também pelo valor do seu património geológico, conhecido em Portugal desde o século XIX.
“Este achado”, continuou, “vai permitir compreender melhor um período catastrófico para a história da vida que então existia na Terra” com a ocorrência de uma "glaciação gigantesca" há 445 milhões de anos.
“Na ocasião 90 por cento da vida existente na Terra, quase toda ela confinada às águas do mar, extinguiu-se, à exceção de alguns oportunistas, como as trilobites, sendo esta a maior alguma vez encontrada dentro da espécie panderiae”.
Para o professor, o valor das descobertas ocorridas em Mação vai para além das trilobites “gigantescas”, tendo observado que a associação de seres vivos que foram encontrados sob a forma de fósseis distingue esta ocorrência de outras conhecidas, sendo um “dado novo” no espaço da Península Ibérica.
“Este dado novo aumenta o interesse internacional do achado e faz com que a secção geológica de Chão de Lopes adquira uma relevância de nível internacional pela quantidade e importância da informação científica contida nas rochas que ali se encontram”, vincou.
------------------------------------------------------------------------------------------------------