domingo, 31 de julho de 2011

Ambiente

Barcos com dificuldades de navegar junto à ilhota de Almourol
A ilhota que exibe no alto o castelo de Almourol tem estado este ano, por várias vezes, acessível por terra e o Tejo corre tão baixo que as embarcações que asseguram a ligação não conseguem navegar até ao cais.
“Ao longo dos anos tem vindo a degradar-se, mas este é o pior ano”, desabafou à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Tancos, Manuel Cardoso, responsável pelas embarcações que, 365 dias por ano, passam os turistas até ao castelo templário que é ex libris turístico da região.
A situação, também com evidentes impactos ambientais – “vê-se aqui os peixes aos milhares, com a cabeça de fora, com falta de oxigénio” -, levou os responsáveis de várias entidades a procurar forma de garantir um caudal permanente do Tejo na zona.
O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, Miguel Pombeiro, disse à Lusa que, numa reunião realizada na semana passada entre a autarquia, a Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Tejo, o Instituto da Água (INAG) e parte da produção da EDP, “houve um reconhecimento, por todos, de que há um problema e há vontade de se poder alterar a situação, o que é positivo”.
Técnicos do INAG iniciaram já um levantamento para actualização da informação sobre o leito do rio, de forma a determinar qual a altura mínima de água para se garantir a navegabilidade até ao castelo, explicou.
Por outro lado, a EDP vai analisar a possibilidade de a barragem de Castelo do Bode turbinar de forma a evitar que, em determinados momentos, o caudal no Tejo baixe tanto que a ilha deixe de o ser, medida que poderá ser conjugada com a libertação de água pelo açude insuflável de Abrantes, acrescentou.
“Vamos tentar conjugar o cumprimento dos caudais diários mínimos com a existência de caudal instantâneo”, afirmou, salientando a satisfação com o facto de as várias entidades se terem concertado.
Para o porta-voz do Movimento Pro Tejo, Paulo Constantino, é necessário que os novos planos de gestão da bacia hidrográfica do Tejo, que se encontram em discussão pública, identifiquem os caudais ecológicos mínimos ao longo de todo o percurso do rio.
“O objectivo seria ter uma rede de monitorização quer da qualidade quer da quantidade da água no Tejo” que permita conhecer diariamente os vários impactos de contaminação, disse, lembrando a necessidade de vigilância contínua, por exemplo, da água que sai da central nuclear de Almaraz.
O vice-presidente da autarquia e responsável pelo pelouro da Cultura, Fernando Freire, lembrou os 70.000 turistas que visitam anualmente o castelo de Almourol, um monumento que em 2012 deverá ter finalmente instalados conteúdos multimédia que darão a conhecer a origem do lugar e a mística e a história dos templários.
Nessa altura, a ligação de barco até ao castelo deverá fazer-se já a partir do parque ribeirinho da vila, um local que vai receber, em Setembro próximo, 11 obras de arte de artistas plásticos representativos da escultura portuguesa contemporânea.
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