quarta-feira, 8 de abril de 2009

Meio Ambiente - Poluição do Alviela


Presidente da Junta de Freguesia de Vaqueiros remete “Carta Aberta” sobre Poluição do Rio Alviela

Foi-nos enviado pelo Presidente da Junta de Freguesia de Vaqueiros (Firmino Oliveira), com solicitação de publicação, uma “Carta Aberta”, relacionada com a problemática da poluição da bacia do Alviela.
A mesma é publicada conforme a originalidade.
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Data- 7/04/09
Assunto- Carta Aberta aos responsáveis pela despoluição do Alviela.

Ex. mos Senhores :

Assisti no passado dia 30 de Março ao programa da RTP “ Portugal em Directo “ realizado a partir dos Olhos de Água do Alviela. onde participou em nome do Ministério do Ambiente, o eng.º Manuel Lacerda, da ARH TEJO, o senhor presidente da câmara municipal de Alcanena, eng.º Luís Azevedo o senhor presidente da Austara ,senhor Fernando Fernandes e o presidente da Clapa o senhor Fernando Esteves. Foi com muito prazer que ouvi anunciar alguns milhões para Alcanena, vinte ou vinte cinco milhões que visam a resolução do eterno problema da Poluição do nosso querido rio, retirado as populações à décadas, quero transmitir que em nome da minha freguesia saudamos a iniciativa do Governo esperando que não seja mais uns milhões para deitar ao vento e que os mesmos sejam bem aplicados é o nosso desejo. Pena é que esta medida tenha sido tomada tarde de mais, em meu entender como autarca verifico que andamos para aqui a queixar-nos e a lutar à anos e parece que ninguém nos houve, foram precisos cinco anos sucessivos de denuncias continuas, a última catástrofe ocorreu por aqui no inicio de Setembro de 2008, cinco anos após idêntica catástrofe ocorrida em 1 de Outubro de 2003 precisamente no dia nacional da água que ao mesmo tempo é um dia de grande significado para a ARH. Que marca a sua fundação e que desejo de grande sucesso. Que seja um virar de página negra para o Alviela é o meu desejo. Até aqui tem sido um autentico Ping.- Pong entre as instituições que tem gerido o processo Alviela , no que toca ao assumir de responsabilidades, a começar pelo INAG e a acabar nas CCDRs. Ou no Ministério do Ambiente.
Voltando ao inicio deste mail, fiquei a saber que cabe aos senhores da ARH fiscalizar bem todos os actos ilegais que se prendem com as descargas para o Rio. Até que enfim que alguém dá a cara, pois a eficácia das iniciativas neste campo até esta data no que diz respeito ao rio Alviela deixam muito a desejar. Lembro por exemplo que na sequência da última grande catástrofe ocorrida no passado mês de Setembro ainda estou à espera de prestar declarações ao SEPNA, vejam bem seis meses após a ocorrência.
Mas voltando novamente ao inicio e ao debate e anúncio efectuado a partir da nascente , registei a hipocrisia de alguns quando repetem desconhecer a origem das descargas que ocorrem a montante de Vaqueiros, “ não nos deitem areia para os olhos por favor” há aqui uma grande contradição. Primeiro reconhece-se que a ETAR está degradada e obsoleta, depois afirma-se que não se sabe a origem da espuma e do negro que por este rio vai correndo semanalmente com mais intensidade e notoriedade pelo menos dois dias por semana, correspondendo ao retomar da produção semanal e as limpezas do fim de semana.
Se alguém tiver dúvidas devo dizer-lhe que na minha zona é muito fácil a identificação das descargas, a zona compreendida entre Alcanena e Vaqueiros é a zona que tem servido de esconderijo das descargas em devido a existência de barragens muito antigas os açudes.
É pois verdade que os impactos negativos para o ecossistema Alviela continuam, é verdade a denuncia feita pelo representante da CLAPA, houve de facto o registo de agravamento da poluição no sábado anterior ao debate e também no fim de semana seguinte e assim continuará com a descida do caudal proveniente da nascente mesmo sem chuva.
Enquanto não se executarem as obras que faltam executar no sistema de tratamento colectivo de Alcanena, as coisas não mudam por aqui em termos de um melhor ambiente, fica novamente adiado o cumprimento da declaração universal dos direitos da água que por coincidência o nosso País ainda não subscreveu salvo erro e que foi elaborada pelas Nações Unidas em 1992. Quantos mais anos vamos esperar pela concretização das obras?
Sempre que houve necessidade de realizar obras no sistema de Alcanena esperamos muitos anos pelos resultados que nunca foram satisfatórios tornando este processo um problema da minha geração, continuamente adiado na sua resolução.
Para mim conhecendo todo este processo e atendendo a história do funcionamento do sistema e a história da gestão deste sistema só há uma solução que possa garantir a resolução definitiva do problema da Poluição do Alviela e especialmente na Zona de Vaqueiros.
A construção de um colector paralelo ao rio que recolha tudo o que sai das Etar colectiva de Alcanena e outras que venham a ser remodeladas ou construídas. Pois a história do funcionamento das mesmas e a maneira como são geridas prova que não são fiáveis. Na minha óptica só esta solução poderá erradicar a poluição no Alviela de forma a devolver o rio às populações tornando-o uma fonte de vida e de desenvolvimento sustentado.

Sem outro assunto de momento, termino, com o desejo de um bom sucesso na despoluição do Alviela.

Com os melhores cumprimentos

Sempre ao vosso dispor

Firmino Oliveira
( Presidente da Junta de freguesia de Vaqueiros)

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