sábado, 3 de janeiro de 2009

Falecimento

Morreu o “António Ministro”!... (António Pedro)

Éramos “meninos”, quando pedalávamos nas nossas “pasteleiras” nas madrugadas frias a caminho da “vila” torrejana. Íamos para escolas diferentes. Tu, para a escola da Fábrica de Curtimento das Peles eu, para a outra Escola. Mas no fundo, éramos operários em formatos diferentes. Partilhávamos as nossas conversas de repúdio pelo sistema político de então, após a jornada na “recta dos ciprestes” lá para os lados da Zibreira. Mirávamos aquela luz ofuscante lá para as bandas da Serra de Aire, sonhando com um futuro melhor, do que aquele que os nossos ascendentes e nós próprios estávamos passando.
Com pernas um pouco arqueadas e franzinas, de quando em vez, lá corrias pela esquerda, no Campo da Pedrinha, cruzando a bola para o cabeceamento de um ou outro avançado mais fugaz.
Entregaste-te com tenacidade em prol do desenvolvimento cultural da nossa terra. Foste o “Homem das Festas” da Louriceira. Admirava a tua alegria, enquanto acompanhavas o fogueteiro, lançando os morteiros nas alvoradas dos dias quentes de Agosto lá no alto do Moinho. Jamais demonstravas cansaço. Sempre foste “rijo” rapaz. Mesmo durante as adversidades da vida, foste um resistente. Recordo a tua tenacidade, quando debatias o melhor para o povo da nossa terra, lá no recanto da sala da assembleia de freguesia. Algumas vezes não foste compreendido. Mas nunca ocultavas a voz. Eras apreciado pelo respeito e educação que evidenciavas perante os teus adversários políticos. O associativismo também fez parte da tua vida. Trabalhaste nos clubes da terra com apego, aliás como era teu timbre. Ficará sempre na minha memória, os diálogos fortes nas reuniões lá na “sede”, enquanto nos embrenhávamos no fumo branco dos cigarros que se ia fumando. Mas sabíamos que o objectivo mor era o progresso cultural e desportivo louriceirense.
Ontem deixaste-nos. Partes para outros mundos!... Mas descansa em paz, decerto que sempre serás recordado pelas gentes da tua terra… Porque mereces ser recordado! …
...........................................................
A. Anacleto