sábado, 17 de janeiro de 2009

Cultura e Lazer



Imagem: A.Anacleto
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Estão a decorrer este fim-de-semana na freguesia de Arneiro das Milhariças, concelho de Santarém, os tradicionais festejos anuais em honra do Mártir S. Sebastião.
Esta tarde, muitos forasteiros se associaram à população Arneirense, para participarem em conjunto na procissão religiosa, integrada naqueles festejos.
Alguns autarcas e intelectuais, também marcaram presença, percorrendo as ruas da sede da freguesia no cortejo religioso.
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Freguesia de Arneiro das Milhariças
Situado no extremo norte da cidade de Santarém, a freguesia do Arneiro das Milhariças (antiga paróquia de S. Lourenço) dista cerca de 25 quilómetros da sede do concelho.
Tem uma área de 12,013 Km2, possui cerca de 990 habitantes.
Como actividades económicas, predominam a Silvicultura, a Agricultura, a Pecuária e algumas pequenas empresas industriais.
O seu duplo topónimo deriva de duas fontes: Arneiro, que significa terra delgada e arenosa; Milhariças, é uma reminiscência de uma povoação anterior a esta, erigida nas proximidades.
É uma povoação muito antiga, calculando-se que o seu território já seria povoado nos primórdios da fundação da nacionalidade.
Arneiro das Milhariças é, em finais do século XX, uma freguesia marcada pela ruralidade e interioridade, desempenhando a actividade agrícola um papel muito importante na sua economia. Contudo, outros sectores contribuem também para a criação de riqueza e postos de trabalho, como sejam a indústria de madeiras, a construção civil e reparação mecânica, existindo também uma cerâmica e uma indústria de produtos de conservação automóvel.
O turismo no espaço rural é hoje uma realidade nesta freguesia que começa a ser ponto de destino de forasteiros e de quem procura um bom lugar para viver.
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História de S. Sebastião
São Sebastião nasceu em Narvonne, França, terra natal de seu pai, no final do século III, e desde muito cedo seus pais se mudaram para Milão, cidade de sua mãe, onde ele cresceu e foi educado. Seguindo o exemplo materno, desde criança, São Sebastião sempre se mostrou forte e piedoso na fé.
Quando adulto, alistou-se como militar, nas legiões do Imperador Diocleciano, que até então ignorava o fato de Sebastião ser um cristão de coração. A figura imponente, a prudência e a bravura do jovem militar tanto agradou ao Imperador, ele o nomeou comandante de sua guarda pretoriana pessoal. Enquanto comandante, o São Sebastião se tornou o grande benfeitor dos cristãos encarcerados em Roma. Visitava com frequência as vítimas do ódio pagão. Com palavras de dádiva, consolava e animava os cristãos que seriam martirizados na arena.
São Sebastião foi denunciado como cristã por um soldado de seu próprio exército. O Imperador Diocleciano sentiu-se traído e ficou perplexo ao ouvir do próprio Sebastião que era cristão. Em vão, o Imperador tentou fazer com que ele renunciasse ao cristianismo, mas ele se defendeu com firmeza, apresentando os motivos que o animava a seguir a sua fé, e a socorrer os aflitos e perseguidos. Sentindo-se traído, Diocleciano, o Imperador, enfurecido ante aos sólidos argumentos daquele cristão autêntico e decidido, ordenou aos seus soldados que matassem Sebastião com flechas. A ordem foi cumprida imediatamente, e em descampado, São Sebastião foi despido e amarrado a um tronco de árvore, e contra ele foram atiradas várias flechas, que feriram seu corpo. Depois desse martírio, Sebastião foi abandonado à própria sorte para que sangrasse morrer.
À noite, Irene, mulher do mártir Castulo, foi, com algumas amigas, ao lugar da execução para retirar o corpo de Sebastião que ainda se encontrava preso à árvore e dar-lhe sepultura. Surpreendentemente viram que ele ainda estava vivo. Desamarraram-no, e Irene o escondeu em sua própria casa, onde cuidou dos ferimentos causados pelas flechas e cordas que o amarravam. Restabelecido, São Sebastião continuou a evangelizar o povo, e em vez de se esconder, com valentia apresentou-se novamente ao Imperador Diocleciano, a quem censurou pelas injustiças cometidas contra os cristãos, que eram acusados de inimigos do Estado romano.
Diocleciano ignorou os pedidos de Sebastião para que deixasse de perseguir os cristãos, e imediatamente ordenou que ele fosse espancado a pauladas e golpes de bolas de chumbo até a morte. Seu corpo foi jogado no esgoto público de Roma, para impedir que os cristãos o venerassem. Segundo alguns pesquisadores, esse fato aconteceu entre os anos de 287 e 278 a.C. O corpo de São Sebastião foi encontrado por uma mulher chamada Luciana, que mais tarde foi canonizada pela Igreja Católico Apostólica Romana como sendo Santa Luciana. Segundo seu relato, o mártir São Sebastião apareceu-lhe em sonho e lhe pediu que seu corpo fosse encontrado e sepultado nas catacumbas onde eram sepultados os cristãos.
No século IV, foi construída, em sua homenagem, uma basílica perto do local do sepultamento, junto à Via Appia, e seu culto foi difundido por todo o mundo católico. No ano de 680, suas relíquias foram solenemente transportadas para uma basílica construída pelo Imperador Constantino, onde se encontram até hoje. Por coincidência ou não, nessa mesma época, uma terrível peste assolava Roma, levando à morte muitas pessoas. Essa epidemia simplesmente desapareceu a partir do momento da transladação dos restos mortais desse santo mártir, que passou a ser venerado como o padroeiro contra a peste, a fome e a guerra. Também em Milão, em 1575, e em Lisboa, em 1599, ocorreram pestes epidémicas que foram exterminadas após actos públicos onde as pessoas suplicavam a intercessão espiritual de santo mártir junto a Deus para que a peste fosse embora.
Um dos temas preferidos dos pintores do Renascimento é o martírio de São Sebastião, retratado, entre outros, por Bernini, Botticelli, Mantegna, Perugino e El Greco. Nessas obras, o santo é mostrado como um belo jovem com o corpo atravessado por flechas.
A Igreja Católica o reverencia no dia 20 de janeiro; também nessa mesma data o fazem as comunidades dos cultos religiosos afro-brasileiros em seus terreiros e barracões, tais como a Umbanda e o Candomblé. Na Umbanda, São Sebastião é sincretizado com Oxossi, orixá da caça e que tem como símbolo o arco-e-flecha; no Candomblé é sincretizado com Ogum, orixá da guerra e de personalidade forte e decidida. Também em outros rituais ele é sincretizado com Omulú e Obaluayê, por causas das chagas causadas pelos ferimentos causados pelas flechas. São Sebastião, é padroeiro de muitas paróquias em Portugal e no mundo, é o protector dos atletas, dos soldados e guardião do amor, devido à demonstração de amor e fé dedicada sua crença aos princípios fundamentais do cristianismo.
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A.A.