segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Gentes e Locais...



Imagem: A. Anacleto
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Viajámos por terras de Alto Alentejo, e deslumbrámo-nos com a simpática e pacata vila do Crato. Vila do Distrito de Portalegre, altamente histórica, bem conservada, na qual se nota uma aceitável qualidade de vida em várias vertentes.

História do Crato

Em 1048, mercadores napolitanos de Analfi alargavam o serviço de apoio a peregrinos, fundando, na cidade de Jerusalém, o hospital de S. João Baptista. A congregação que dirigia o hospital acabou por se transformar numa Ordem, a de S. João de Jerusalém ou do Hospital, com autonomia e regra própria .
Posteriormente, acrescenta-lhe uma função de protecção militar. Assim, e à semelhança do que acontecia com outras Ordens militares, os freires da Ordem do Hospital dividiam o seu trabalho entre a acção benemérita directa e a acção guerreira cavaleiresca.
Com todo o prestígio adquirido e já com casas espalhadas por toda a Europa, esta Ordem organizou-se segundo Línguas e Nações. A saber: da Provença, da França ou de Paris, de Auverne da Itália, da Alemanha, de Aragão e de Castela e Portugal. Cada uma delas subdividia-se, por sua vez, em Priorados de que dependiam as Comendas. Internamente, os freires agrupavam-se, segundo a sua categoria, em: cavaleiros, serventes e capelães. De hábito e manto negros apresentavam uma cruz branca sobre o ombro e sobre o peito.
Em Portugal, a chegada dos cavaleiros hospitalários deve ter-se dado entre 1114 e 1132. Segundo documentação coeva, foi D. Teresa, viúva do conde D.Henrique, quem terá feito a doação das terras de Leça onde a Ordem virá a levantar a sua primeira casa, o Mosteiro-fortaleza de Leça do Bailio.
À semelhança do papel desempenhado pelas outras Ordens militares, os frades guerreiros do Hospital vão distinguir-se na luta pela recuperação dos territórios ocupados pelos muçulmanos. Assim, e à medida que a Reconquista avança, a Ordem de S. João de Jerusalém vê os seus domínios estenderem-se para Sul, sendo que D. Afonso Henriques lhes acrescenta a igreja de S. João do Alporão de Santarém e a igreja e a comendadoria de S. Brás em Lisboa. No reinado seguinte, são-Ihes entregues os castelos de Cernache do Bonjardim e o da Sertã, assim como uma larga fatia terras, junto ao Tejo, onde os cavaleiros irão erguer o castelo de Belver.
Para aqui será transferida a administração e o governo da Ordem e, nos reinados seguintes, as doações sucedem-se um pouco por todo o país, não só para Sul, como também para a zona de Trás-os-Montes e Beiras.
O apoio dado pelo Priorado do Crato, durante a crise de 1383-1385, ao partido de D. Beatriz, veio pôr em causa o poder e o prestígio angariados pelos cavaleiros hospitalários, ao longo das lutas da Reconquista. Com a aseenção de D. João I, a Ordem é "esquecida" e só voltará a ser reabilitada com D. Afonso V, em reconhecimento pelo apoio dado a sua mãe durante a regência de seu tio, o infante D. Pedro.
Com a política de centralização de D. Manuel, a Ordem elege o seu último Prior independente da coroa, D. Manuel de Noronha da Câmara. No reinado seguinte será o rei o responsável pela atribuição deste cargo, entregando-o a seu irmão, o infante D, Luís. Esta situação vai manter-se até 1789, altura emque a rainha D. Maria I consegue do papa Pio VI a Bula "Expedit Quam Maximc" que separa definitivamente o Priorado do Crato da Ordem Internadonal. Com esta medida tranferem-se as prerrogativas espirituais para a Santa Sé e os bens terrenos para a Casa do Infantado, senhorio instituído por D. João IV, para os filhos segundos dos monarcas portugueses.
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Consulta:
In: http://www.portugalvirtual.pt/pousadas/crato/pt/index.html

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A.A.