domingo, 7 de dezembro de 2008

Biografias


João Villaret

Actor e declamador, alfacinha de gema, nasceu a 10 de Maio de 1913, em Lisboa, e faleceu a 21 de Janeiro de 1961, na mesma cidade. Depois de ter terminado o curso Liceal dedicou-se com grande empenho ao teatro, tendo estado ligado à revitalização do teatro nacional. Gradualmente, foi ganhando fama de declamador tendo causado algum escândalo quando no ano de 1941 decidiu enveredar pelo teatro de revista, provando em êxitos sucessivos que era possível conciliar o género dramático e o de revista. Uma das mais popular foi 'Tá Bem Ou Não 'Tá? Levada à cena em 1947 onde popularizou o célebre “Fado Falado”, da autoria de Aníbal Nazaré e Nélson de Barros, onde o fado a letra em vez de ser cantada era declamada. Após a estreia, este género de poesia ganhou enorme popularidade, especialmente depois de “A Vida É Um Corridinho” em 1952 ou o famoso “A Procissão” no ano de 1955, da autoria de António Lopes Ribeiro, que viria, anos mais tarde a popularizar num seu programa televisivo. A poesia, especialmente a de Cesário Verde, era uma das suas grandes paixões, tendo ficado famosas as suas tertúlias no Café Brasileira do Rossio. De entre as suas peças mais célebres, destacam-se “A Recompensa” em 1937, de Ramada Curto, “A Madrinha de Charley” estreada em 1938, de Brandon Thomas, “Leonor Teles” em 1939, “Melodias de Lisboa” (1955), da sua autoria, “Não Faças Ondas” (1956) e “Esta Noite Choveu Prata” (1959). No cinema destacam-se as suas interpretações, na personificação de D.João VI em Bocage (1936), um papel secundário, mas mordaz de mudo, em “O Pai Tirano” (1941), de Bobo, no filme “Inês de Castro” (1944), de D. João III, em “Camões” em 1946 e aquela que terá sido a sua melhor interpretação de sempre em cinema, a de Telmo Pais, em “Frei Luís de Sousa” no ano de 1950. No cinema, culminou no papel de Sebastião, em “O Primo Basílio” em 1959. Motivado por uma doença prolongada foi obrigado a retirar-se dos palcos em 1960, tendo falecido no ano seguinte. A sua morte causou manifestações de grande pesar em Lisboa, de tal forma que, durante muitos anos, os lisboetas celebraram o aniversário da sua morte com um recital de poemas no Cinema S. Jorge, onde a sua voz se ouvia num palco vazio iluminado apenas por um foco de luz. Em sua homenagem, o actor Raul Solnado fundou, em 1965, o Teatro Villaret na capital lisboeta.
.............................................................
Pesquisa: A. Anacleto