terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Coluna de Opinião

Por acharmos pertinente, citamos este texto publicado no Jornal "Portugal Diário", baseado num "Artigo de Opinião" da autoria de Mário Soares, publicado no Jornal Diário de Notícia .
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A.A.

Mário Soares alerta para um clima de revolta em Portugal

(...)«Estamos perante um ingrediente que tem demasiadas componentes prestes a explodir»
Mário Soares afirma que está criado um clima de desconfiança e de revolta e que a crise está a generalizar-se na Europa, pelo que Portugal não deverá ficar indiferente aos sinais à sua volta, refere num artigo de opinião, publicado no «Diário de Notícias».
«Com as desigualdades sociais sempre a crescer, o aumento do desemprego que previsivelmente vai subir imenso, em 2009, a impunidade dos banqueiros delinquentes, o bloqueio na Justiça, e em especial, do Ministério Público e das polícias, estão a criar um clima de desconfiança - e de revolta - que não augura nada de bom», adverte o antigo Presidente da República, que ainda deixa conselhos:
«Oiçam-se as pessoas na rua, tome-se o pulso do que se passa nas universidades, nos bairros populares, nos transportes públicos, no pequeno comércio, nas fábricas e empresas que ameaçam falir, por toda a parte do País, e compreender-se-á que estamos perante um ingrediente que tem demasiadas componentes prestes a explodir».
Também as oposições não são poupadas: «Acrescenta-se o radicalismo das oposições, à esquerda e à direita, que apostam na política do «quanto pior melhor.Perigosíssima, quando não se apresentam alternativas credíveis...», escreve.
O antigo chefe de Estado abordou ainda as manifestações violentas na Grécia e a crise em Espanha e França, para concluir que Portugal tem muitas razões de preocupação.
Soares criticou ainda o plano do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso aprovado na última Cimeira Europeia, que não passa de «um paliativo» que prevê a injecção de dinheiro nos bancos e nas grandes empresas para que o status quo se mantenha.
Sem comentar as medidas do Governo português de combate à crise, o antigo líder socialista critica abertamente os responsáveis políticos europeus que «não pensam em mudar o paradigma ou não anunciam essa intenção e não explicam sequer aos eleitores comuns, os eternos sacrificados, como vão gastar o dinheiro que utilizam para salvar os bancos e as grandes empresas da falência, aparentemente deixando tudo na mesma?», remantando: «E querem depois o voto desses mesmos eleitores, sem os informar seriamente nem esclarecer? É demais! É sabido: quem semeia ventos colhe tempestades...». (...)
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in Jornal "Portugal Diário" - edic online 16.12.08