quarta-feira, 19 de novembro de 2008

As Voltas do Mundo...

Os Novos Pobres Também Já Foram Ricos

(...)Em Sintra, as portas da Santa Casa da Misericórdia abrem a horas tardias. O período de atendimento nocturno é alargado para receber pessoas que não querem cruzar-se com outras. São mulheres, entre os 30 e os 36 anos, que têm vergonha. Vão recolher alimentos.

Têm casa e um bom carro. Os filhos pequenos permanecem na ginástica com os filhos das outras, daquelas que continuam a pertencer à classe média alta e alta. Ao posto social mais desejado. Aquele que estas novas mulheres não querem perder. O "status". É quase a única coisa que lhes resta de uma vida anterior.

Gritam no silêncio. Têm a voz emudecida em público. Não há caras. Nem nomes. Só uma massa de gente cada vez mais empobrecida. "Em Portugal, as pessoas foram empobrecendo sem se dar conta", comenta a presidente da Federação Portuguesa de Bancos Alimentares, Isabel Jonet. Aquela que, em Maio de 2007, apresentou ao País a expressão "novos pobres"(...).
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in “Jornal de Negócios” – edic online 19.11.08
Lucia Crespo
lcrespo@mediafin.pt