sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Jogos Florais

Continuamos a analisar os trabalhos publicados no livro “XXII Jogos Florais do Concelho de Alcanena”, editado pela Câmara Municipal de Alcanena.
Deparámo-nos com este trabalho, que achamos de boa qualidade, por tal, transcrevemo-lo na íntegra.
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A. Anacleto

O Ambiente, que nós desfizemos

No início era a pureza, pureza tal que hoje é difícil de imaginar ao simples ser humano insignificante que nós somos perante a Natureza que nos rodeia.
Eram os rio que, sem limites impostos, corriam livres e límpidos, sendo criadores, sendo transportadores, sendo dominadores livres, correndo para um mar sem limites.
Oceano que de vida transbordava pura, de uma força tal, sem poder ser dominada ou controlada, outrora assim parecia, hoje, porém, parece enfraquecida de tanto desleixo humano.
Eram as árvores frondosas que de tanta energia atingiam tamanhos enormes, produção gratuita de oxigénio, como que uma oferta generosa aos que deixavam prosseguir o curso que parecia certo e sem admitir desvios.
Éramos nós puros animais, de instinto avançado, que a Natureza premiou com inteligência.
Olhamos os rios, olhamos as árvores, olhamos os animais nossos antepassados, erguemos os olhos e logo ali vimos a grandeza a que chamamos céu, mas cegamos com a luz imensa daquele que nos ilumina e dá a vida a tudo o que nos rodeia e de que já falei. Inteligência. O nosso bem e nosso mal. Ao nosso redor, achamos nós, estaria tudo para nos servir como muito bem quiséssemos, ao ar livre arbítrio dos nossos caprichos, pois nós éramos inteligentemente superiores.
Quisemos tudo o que achamos ter direito e ainda mais e mais, quisemos conforto, quisemos produzir muito, ter muito de tudo o que a natureza dava e, ela dava.
Quisemos voar que nem os nossos simples passarinhos e voamos, e invadimos o céu sem medo que nos caísse em cima.
Quisemos dominar os rios e os mares e, dominamos, é bom, que poderosos nós somos, que grandeza isso nos dá! Quisemos ter armas para nos defender, cada vez mais potentes e poluentes, desastrosas para a natureza e de grande poder exterminador para os humanos e para os nossos animais em vias de extinção. E agora, inteligentes, que consciência tendes, olhando à nossa volta, para onde foi pureza da água, o livre trânsito dos rios e a vida dos mares, a liberdade dos animais, inclusive nós, o nosso céu e o sol que tudo criava, tudo alimentava com a sua luz imensa, agora queima e mata e a nossa chuva como está, onde está e o que faz? Será a revolta da nossa Natureza?
O nosso verde, que nos rodeava por todo o lado, agora amarelecido pelas chamas, pelos fumos dos produtos inteligentes que tanto adoramos e tanto conforto nos dão e que bem nos faz sentir, Eiim. Não terá ela razão?
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Maria Vitória Rosa Silva Ferreira – Serra de Santo António
2º Prémio - Prosa