sexta-feira, 6 de junho de 2008

"Baú de Recordações" - Escritos...

Quando consultávamos o “Baú de Recordações”, deparámo-nos com este excelente artigo, escrito por uma jovem de então – Elsa Maria Jorge Mendes. Pela qualidade do mesmo, achámos por bem reproduzi-lo neste espaço.
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“Levantemo-nos do Chão”!

Vocês jovens, tal como eu, já deram conta de que julgam estar muito ocupados?
Quando se pede algo: “não posso”, “não sei”, “deixa p´ra lá”, “vou pensar”…
Respostas destas traduzem-se como um não, delicado, mas negativista, no sentido filosófico.
No entanto, não se vislumbra quaisquer indícios de ocupação válida dos nossos tempos livres.
Dantes havia desculpa… mas hoje? Temos um Polivalente com um bom palco e camarins; algum de nós já pensou na criação de um grupo amador de teatro? Ou esperamos que sejam os outros a fazê-lo? Ou que caia do céu? Temos um recinto coberto onde dez jovens jogam futebol de cinco. Mas os outros cem jovens?! Os outros desportos, como o andebol, o basquete, o vólei, a ginástica, quem os pratica? E sabemos de colegas nossos que poderiam levar mais longe as suas capacidades. Até na música e no canto.
Temos tudo que dantes não tínhamos. Falta-nos apenas a vontade! Até isso, julgo que não! Parece que apenas faltará a centelha – uma reunião de todos nós e da discussão nasceria a melhor ideia de pôr em prática um autêntico “Movimento de Jovens”, numa autêntica ocupação de tempos livres.
Isso contribuiria, decisivamente para afugentar a tristeza e as incertezas de muitos jovens. É que, é desta tristeza, destas incertezas que nasce a droga e, com ela, tantas vezes, a sida.
A propósito, sabes que se admite que em Portugal poderão existir mais de vinte mil seropositivos? Por certo, não gostarias de ser mais um…
Tememos nas nossas mãos os nossos destinos!...
Organizemo-nos!... O palco e o recinto do Pavilhão esperam por nós. Já reparaste como estão tristes, enquanto vazios?
A mesa de pingue-pongue está quase sempre Às moscas… Os jogos tradicionais, a música, os desportos… Tudo. Tudo poderá estar vivo se nós quisermos.
Daqui vos lanço um grito: - Levantemo-nos do chão!

in Jornal "O Alviela" - Suplemento Jornal da Louriceira - edic. 08.07.1993

A. A.