quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ciência

A Cientista Elvira Fortunato concede entrevista a Jornal Ribatejano.
A. Anacleto
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Elvira Fortunato destacou-se pelas descobertas na área da electrónica
Uma cientista teimosa que gosta de ir à luta.


Tem raízes ribatejanas a mulher que nas últimas semanas se tornou centro das atenções da comunicação social a nível nacional e internacional. Uma descoberta científica feita em Portugal colocou na ribalta Elvira Fortunato, 44 anos, licenciada e doutorada em Engenharia dos Materiais. Fez dela uma estrela, como diz a filha Catarina.
Elvira nasceu em Almada, filha de um casal oriundo da aldeia de Louriceira, concelho de Alcanena. O pai, já falecido, era empregado de balcão. A mãe doméstica. Vai à Louriceira com frequência rever familiares e amigos. Era ali que passava boa parte das férias de Verão na sua infância e juventude, entre passeios pelo mato e mergulhos no Alviela. Era ali que estava no sábado, 26 de Julho, quando foi convidada para dar a sua primeira entrevista televisiva.
A ciência raramente é notícia no nosso país. Estava preparada para todo este mediatismo?
Isso não.
O que mudou no seu quotidiano?
Sobretudo as solicitações da comunicação social. É uma experiência nova, até para a minha filha. E temos de corresponder. Acho que isto é uma coisa boa. Ultimamente temos tido muitas notícias pela negativa. Tento falar com todos os jornalistas e explicar aquilo que fiz, porque acho que tenho esse dever para com a sociedade.
Como tem lidado com o facto de se ter tornado um exemplo do que melhor se faz em Portugal?
Aumentou as minhas responsabilidades e quanto mais alto se está maior é a queda. Agora estamos num patamar um bocadinho diferente e temos de ser um exemplo a todos os níveis. Não só científico, mas também humano, social.
Essa vocação para a ciência, para a investigação, para a descoberta já vem de infância? Sempre foi uma pessoa curiosa?
Sim, sempre fui muito curiosa. Sempre gostei muito de descobrir coisas e de fazer coisas. Não tanto se calhar na electrónica. Isto surgiu à custa de um percurso. Uma das experiências que me marcou no liceu foi observar ao microscópio as células da cebola.
Já tinha nessa altura a percepção de que poderia seguir esta carreira?
Nessa idade ainda não. Não me passava pela cabeça ser cientista.
O que pensava seguir?
Queria enveredar pela área da engenharia. Entrei para a faculdade em 1982 e só comecei a gostar de investigação quando já estava no curso. Aí sim, ter aulas no laboratório levou a que o bichinho da investigação se desenvolvesse.
A ciência ocupa-lhe grande parte da sua vida? Ou tem tempo para outras coisas?
Ocupa-me boa parte da minha vida, mas também sou mãe de uma filha de 11 anos e tenho tempo para outras actividades.
O que gosta de fazer para além da investigação?
Gosto também de cozinhar. Sou uma boa cozinheira. Gosto no Verão de ir à praia. E também gosto de ir à Louriceira. É lá que estão as minhas origens.
Que memórias guarda das suas férias na infância Louriceira?
As minhas férias de infância eram lá passadas. Retenho na memória as brincadeiras, ir ao rio Alviela a pé com as minhas amigas, às vezes sem dizer à minha mãe. Andar lá pelos matos.
O que representa para si o Ribatejo?
Acho que as pessoas são muito boas, muito francas, muito quentes. Claro que há também as touradas. Gosto muito mais até de ir à praça de toiros do que ver pela televisão. Gosto da comida. Adoro morcelas de arroz, molhinhos. E gosto muito de caracóis, embora isso haja em todo o lado.

Entrevista na íntegra na próxima edição semanal de O MIRANTE.

in Jornal O Mirante - edic. online