domingo, 13 de julho de 2008

Gentes e Locais...



Fachada da Igreja de Bugalhos - imagem de 1940
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Freguesia de Bugalhos

Freguesia constituída pelos seguintes lugares:
Bugalhos (sede da freguesia). Filhós, Pousados, Casais Romeiros e Casal do Saramago.
A fundação de Bugalhos data de 1219, o que faz desta freguesia uma das mais antigas terras do concelho de Alcanena, no ano de 1527, juntamente com os lugares de Filhós e Pousados, contava já com 78 vizinhos, cerca de 350 habitantes sendo, nessa data, mais populosa do que Alcanena. A freguesia foi criada em 1712, anteriormente a essa data era vigairaria anexa ao priorado de Santa Maria de Torres Novas, concelho a que ficou a pertencer mesmo após a sua separação, até à criação do de Alcanena
Tipicamente rural, Bugalhos é uma freguesia que tem na pecuária, vinho e azeite as suas principais fontes de recursos económicos. Entre a produção artesanal existiam em Bugalhos produções de objectos em ráfia, junco e bunho, existente ainda em Filhós, de grande qualidade e interesse.
A igreja matriz de Bugalhos, de invocação de Nossa Senhora da Graça é um bonito templo, ergue-se num pequeno planalto à saída da povoação e tem no adro um cruzeiro datado do ano de 1732, onde se podem ver, em relevo, os símbolos do Calvário de Cristo. A frontaria da igreja tem empena de bico, rematada por uma cruz e flanqueada pela torre sineira de secção quadrangular que remata em coruchéu com quatro pináculos. O portal de estilo barroco é composto por pilastras de desenhos simples com desenhos amoedados nos remates e é sobrepujado pelo janelão do coro que tem na base três ornatos florais enquanto no topo se pode ver uma coroa real fechada, envolvida por uma legenda, infelizmente bastante apagada. O frontão é interrompido e tem decoração de cartelas e círculos e ainda uma concha ladeada por duas tulipas e outras duas flores relevadas. No lado direito do corpo da igreja abrem-se três janelas e uma porta, junto dela metade de uma laje sepulcral encimada por uma vieira legendada e ao lado um modilhão, cuja origem se desconhece.
O interior do templo é sóbrio, nos arcos colaterais alojam-se imagens sagradas, num modilhão pode ver-se uma imagem de Nossa Senhora da Graça de pedra, do séc. XVI. À capela-mor acede-se através de um arco triunfal, o retábulo-mor setecentista é composto por colunas salomónicas e uma imagem da padroeira da freguesia, em madeira policromada setecentista que apresenta panejamento dourado recoberto de flores. Os degraus que conduzem ao altar-mor são ladeados por um varandim assente em colunas torsas.
Composto por uma só nave, no templo sobressai uma pia de água benta barroca. A parte inferior da nave é coberta de azulejos de padrões polícromos, colocados sem qualquer critério, provenientes, provavelmente, de alguma outra construção anterior, havendo quem defenda a ideia de que são oriundos da destruída matriz de Alcanena, alguns destes azulejos formariam certamente um painel o que se pode constatar por uma observação atenta dos azulejos dispersos pelas paredes.
Na sacristia da igreja merecem relevo o arcaz, de encantador colorido popular, um pequeno altar, um lava-mãos barroco e a mesa de preparação para o culto cujo pé é lavrado. Ainda na sacristia sobre duas mísulas, podem ver-se duas imagens quinhentistas, de pedra, sendo uma a Santíssima Trindade e a outra de S. Vicente, “assinada na base em caracteres góticos V. M. (a menos que as letras não signifiquem “Vicente Mártir”), sustenta na mão esquerda uma nau desprovida dos corvos lendários” – Matos Sequeira, Inventário Artístico. Ainda na sacristia podem ver-se uma tela de Cristo Crucificado e duas imagens oitocentistas representando uma o Espírito Santo e a outra Santa Luzia.
No lugar de Filhós, aproveitando o curso do Alviela encontram-se algumas azenhas destinadas à moagem e uma fábrica de curtumes, que se encontram em estado de ruína, exceptuando uma delas. Estas azenhas possuem as sobras de hidráulica necessárias para desviar o curso do rio (açudes, canais de derivação). A primeira das azenhas data de 1904, tem três bocas, a segunda tem duas bocas e ambas usavam uma roda grande como se comprova pelas marcas deixadas nas paredes. Actualmente é ainda possível apreciar as suas condições de produção, funcionamento e habitação e extrair importantes dados sobre a sua actividade, de grande significado para o conhecimento das actividades económicas da freguesia e da região, mas toda esta informação corre o risco de desaparecer a breve trecho, irremediavelmente perdidas estão já todas as suas componentes metálicas devoradas pela poluição do rio Alviela.
Ali perto existe uma ponte militar que dá um ar pitoresco ao lugar. No Sórinho existem mais duas azenhas e uma antiga fábrica de curtumes com 16 açudes e correspondentes 4 condutas de despejo para o rio. Um pouco à frente encontra-se o Moseiro que é, hoje em dia, a única moagem em funcionamento, mas que se viu na necessidade de utilizar a energia eléctrica, pois a poluição do rio destruiu-lhe a roda. A paisagem da freguesia é ainda enriquecida por vários aquedutos.
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in www.distritosdeportugal.com
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Pesquisa e Montagem: A. Anacleto