quarta-feira, 23 de julho de 2008

Gentes e Locais...

Local de Interesse Arqueológico!

Quando, cerca do ano de 1920, Leonardo da Silva, vulgo Leonardo Choca, trabalhava na cava para plantação de vinha para o Sr. Joaquim Lourenço, no sítio do Lavradio, junto à eira e a uma casa velha, reparou nuns tijolos que arrancou e deixou à superfície da terra para, de seguida, descobrir uma abóbada, enterrada, mais lisa que o cimento, partindo-a com o olho da enxada e fazendo-lhe uma abertura. Espreitando, verificou tratar-se de algo parecido com uma igreja.
Comunicando o facto ao seu patrão, este mostrou-se preocupado e mandou que, de imediato, se tapasse aquela abertura. Dias depois, Joaquim Lourenço punha termo à vida.
Leonardo Choca, achou muito estranho ambos os procedimentos e, volvido algum tempo, voltou uma noite ao local, munido de velas, com o propósito de descobrir o que estaria ali no subsolo. Depois de arrancar algumas batateiras e de ter localizado a abertura, os cães, atraídos pela luz das velas, obrigaram-no a desistir do seu intento, por receio que alguém o julgasse a furtar batatas.
Cerca de sessenta anos depois, o mesmo Leonardo, sabendo que eu era pessoa interessada em arqueologia ligada à nossa terra, contactou-me e, ambos gravámos para a Rádio Voz de Alcanena (ainda clandestina) uma cassete que mantenho em meu poder com os pormenores do achado. Desenvolvi então algumas iniciativas, das quais saliento a ida com ele ao local, descobrindo alguns tijolos, mas não a abertura. Participei o facto o facto à Junta de Freguesia que, por sua vez, deve ter dado seguimento ao assunto pois, tive conhecimento que se deslocou ao local um perito em arqueologia de uma Associação de Torres Novas.
Antes, porém, juntamente com meus irmãos, fizemos várias valas em diversos sentidos dentro da área mas em vão. No entanto, pareceu-me que a terra do subsolo era mais clara que a da superfície, o que dava a ideia de ter sido já revolvida.
Daqui apelo ao Instituto do Património Cultural, através do seu departamento de Arqueologia, para a necessidade de se efectuarem pesquisas, enquanto há ainda testemunhas vivas da localização, não obstante a principal – Leonardo da Silva – já ter falecido.

Casimiro Cândido Lourenço
....................................
Publicado no Jornal "O Alviela" em 08.07.1992
Nota:
Chamou-nos a atenção este artigo publicado pelo autor naquela data no citado jornal. Estivemos, recentemente, à conversa sobre o assunto com o Casimiro Lourenço, autor do artigo, continuando o mesmo convicto que existirá algo arqueológico no local.
Talvez, surja algum interesse por parte de alguma Associação ou Entidade para encetar pesquisas.

A. Anacleto